sexta-feira, 18 de maio de 2012

Para: Uma certa flor...




Hoje à tarde eu chorei um pouco. Ensaiei o Hospício, depois, como de costume, fui beber minha vodka no buteco perto de casa. Encontrei amigos, ri um pouco, dei uma bola e pensei na gente. Atordoada pelas lembranças que tem vindo a tona, como dragões que aparecem sem aviso,  senti em mim a vontade de escrever o que tem se passado, voltei pra casa, bêbada e. 

Foi depois que percebi que hoje é dia 19 de maio, um pouco incomum, mas a explicação que faltava pelo desassossego instaurado. Como dizia Clarice “ Só me comprometo com vida que nasça com o tempo e com ele cresça: só no tempo há espaço para mim.” Abriu-se em mim um espaço e logo então adentrei no desconhecido, hoje penso diferente do passado, agradeço a Deus a constante desconstrução e insegurança que me persegue nesse tempo que não compreendo.

 Meus dias acordam constantes, seguindo os segundos e os minutos lentos de quem sente. Montei um altar na minha casa, aprendi que magia é fato e os fatos nem sempre são escolhas, vivemos a sobremesa sem receita, mesmo que a massa perca o ponto a sobremesa é nossa e o gosto somos nós que criamos. Te amei como nunca havia amado na vida, só me dei conta disso um tempo atrás, quando me vi triste perdendo a lembrança do cheiro ou do gosto do café que você fazia pela manhã. Passai horas tentando lembrar a sensação da sua pele tocando a minha.... Não encontrava! Não encontrei! Esqueci os detalhes, perdi no tempo e na recordação do corpo o tesão, a paixão, o encontro. O que fica é o amor, bruto, cru, sangrando como vaca após o parto feito as pressas. Teria te amado pra sempre, e na certeza das poucas lembranças registrada em fotos, a crença de que poderíamos ser maiores e mais, felizes pra sempre, assim mesmo...Feito Cinderela no final do conto. Plagiando Florbela “ No alvorecer dos meus 16 anos, compreendi muita coisa que até ali não tinha compreendido e parece-me que desde esse instante cá dentro se fez noite” No alvorecer dos meus 16 anos vivi muita coisa que não compreendia, parece-me que desde esse instante cá dentro se fez noite, segui a vida tentando compreender. Você apareceu ali, no meio do furacão de quem acaba de se descobrir gente. Não posso e não devo cobrar de você as compreensões que me eram caras e inexistentes. A pequena menina perdeu o controle, afundou-se dentro de si, seguiu o ciúme e a inveja, vestiu as roupas do desespero e cegou-se com as próprias certezas. Nunca me permite te enxergar como ser humano, talvez em alguns momentos sim, mas na maioria, o que me cabia, era te enxergar como macho, um bípede do sexo masculino encarregado de me fazer inteira, de me fazer feliz. Idiota! A princesa Míchkin, vestida com trajes a rigor, saindo a procura do caminho certo. Só depois descobri que não existe caminho certo ou errado, só existem caminhos. Gostaria que o meu continuasse sendo ao seu lado, porque é por você que meus olhos se enchem de brilho e lágrimas, é por você que perco o controle, é por você que sigo mesmo sem saber, é por você que... Resumindo tudo, sinto amor. Amor demais! Não era assim?! 

Passam homens pela minha cama e eu caminho na cama de uns ou outras, mas nada se compara ao amor, sigo sendo leal a você. É por você que me masturbo quando o vento encobre meu rosto com nossos antigos suspiros. Sigo quieta, como alguém que tenta descobrir o lugar onde se perdeu a Terra do Nunca. O Hospício somos nós, nem eu, nem você, mas nós. Esse pequeno aglomerado de células sustentando-se sobre a alma. Sinto medo. Medo de que o rato entre e me faça cair do banco, medo de morrer sozinha, medo de não adiantar o silêncio, medo de gritar e ninguém ouvir. Mas são só medos, coloco todos na bolsa e vou indo, sempre vou, e escrevo, e falo, e escrevo, e ligo, e sinto, e choro, e escrevo, e lembro, e morro um pouco, e me salvo mais ainda, e escrevo, e rezo...peço....acendo vela e ando com guia de Oxum, VIVO!!! Subo no palco como quem pede ajuda, uma pequena fé pra seguir adiante. Sobrevivente! Sobrevive a guerra que criei comigo, uma ferida a mais, uma mão a menos, não importa! Te amo! Te amo muito e isso é tão profundamente lindo, essa é a paz que me faltava... Amor! Amor sustentando o edifício inteiro. Sonho com você, escrevo pra você, dedico músicas a você, leio pra você, te indico livros, escrevo cartas que nunca serão enviadas, enlouqueço... Seguro a sanidade na ponta dos dedos e tento me fazer mais Capricórnio e menos Peixes.

 Nem amigos nós nos tornamos, não sei se isso é pior, ou melhor, mas sei da dor que fica, uma sensação amarga na boca quando amorteço a vontade de te ligar às 3h da madrugada de uma segunda-feira, só pra dizer: Flor... Tenho pensado tanto em você, acabei de ver um filme que. 
Não funciona assim, quando se trata de ser humano o buraco se torna mais fundo e mais complexo, quando misturamos amor no meio o buraco é escuro e o fundo não tem fim.

 Espero o dia que essa história se perca no meio das outras e meu peito se abra pra dizer: Eu também! 
Enquanto isso, deixo aqui escrito e registrado:
- Marcelo, não te esqueço. “É na incompreensão que se ama”, é na saudade que se percebe a falta.

“Amor meu grande amor só dure o tempo que mereça”

“Tudo certo como 2 e 2 são 5 “

É isso... Nem mais nem menos. Isso!


19 de maio de 2012, Belo Horizonte, 2:27am.
Dayane Lacerda

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