domingo, 23 de agosto de 2015

Fracassos

Quem disse que a vida seria fácil, que nossa cabeça compreenderia todas as bifurcações da realidade?! Que nós nos confundiríamos?! Um abismo entre a sensação e o que de fato acontece. Construímos nosso mundo cheios de falhas e imperfeições, mas ele que nos cabe, é ele que nos abarca. Existe uma distancia imensa entre o que somos e o que sabemos de nós. A infância e a velhice são certas, o amor é uma escolha, o meio do caminho entre existir e viver. Nem sempre eu escolho a vida, meus momentos de solidão são espelhos, a vida é um rastro difícil de apalpar. Minha casa é linda, meu templo silencioso cheio de santos e incensos. Uma mentira ou uma salvação, nem da pra saber ao certo se isso existe. A gente vai levando, se segura no que da pra manter a sanidade. Mas, não da pra saber exatamente os limites do real, aquela fronteira que define o infinito. A gente inventa, não quero continuar em nada pela segurança do alivio. O fracasso e a desilusão preenchem a alma de um pouco de vida. Desistir não é fácil, principalmente no meio de uma sociedade obcecada pela estabilidade e uma possível alegria. As pessoas merecem enlouquecer um pouco, se permitir mais, controlar um pouco menos. O controle cria uma ilusão enfadonha capaz de engolir as instabilidades inerentes a existência. Sem instabilidade o que é que nos resta? Hipocrisia e um cotidiano cheio de mentiras perversas. Nesse ponto o sexo se tora um refugio, a garantia de um gozo eterno, uma felicidade medíocre. Eu adoro trepar, mas e ai? A mulher mais gostosa e o homem barbudo criam em mim a segurança do alivio imediato, do desejo de ser desejada. Mas, e ai? Acordamos todos os dias pela possibilidade de um novo encontro, um novo começo. Mantemos as relações fracassadas pelo costume de se sentir amado, mas se sentir amado não garante o gozo eterno. Então, é nesse momento que experienciamos o paradigma da existência: a segurança do amor enfadonho ou a instabilidade de um amanhã incerto, repletos de não e de fracassos. A incerteza dói. Ninguém ensina na escola que  vida ultrapassa os livros, a carreira, a casa, os filhos. A vida é uma obra inacabada, o instante entre o sopro e a absorvição. Por mais que se fale de amor, e ele se torne o único objetivo que faça os dias valerem mais que as funções, não se sabe dele. O amor é aquele instante entre a vida e a morte, o espaço entre o tempo, o desconhecido que nos descontrola e nos emociona. O medo é o grande vilão, o amor é a lua de todas as madrugadas melancólicas onde o medo nos abandona. Sem medo tudo é possível, é daí que nasce a sensação da vida.

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