domingo, 23 de outubro de 2011

1º Delírio: A Espera


Não!Não me peça controle. Não me peça pra me contentar com menos, não me peça pra me contentar com pouco, não me peça calma, muitos menos paciência. Eu tô aberta, tô aqui, verde por fora e vermelha por dentro. Sangrando, dando, mostrando. Cadê você? Onde anda suas vísceras e sua vontade de luta?!O tempo caminha, os dias passam, e a coisa toda vai se perdendo mais uma vez. Tô ficando cansada meu querido, tô perdendo o fôlego, entregando os pontos. As pessoas esperam na fila, enquanto eu quase gozo. Um gozo de esperança perdida e energia guardada. Meu corpo treme inteiro, sinto febre, sinto a chova molhando meus pés descalços na calçada suja, enlameada de humanos perdidos, de amores quebrados, vínculos rompidos.
Ainda te espero. Casta, limpa, inteira.
Meus sonhos são cacos de vidro colocados goela abaixo, eu grito, mas aguardo, pacientemente. Só não me peça calma, só não me peça controle. Vou indo em direção a mesma rua escura e cheia de casas velhas e mal cuidadas, um céu lindo, limpo. Caminho na espera, mas a madrugada vem chegando, e nas madrugadas frias e chuvosas eu nunca respondo por mim. Eu não respondo por ninguém, simplesmente caminho, até a última gota de uma fé qualquer.

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