Sinto um medo terrível da solidão. Tenho medo de ser abandonada, de ficar sozinha. Me sinto cansada e pouco feminina. Tenho tentado controlar minha ansiedade e meus impulsos de gula e de choro. Não sei o que continuar fazendo. Passei o dia lendo Sartre e Louise Bourgeois, bebi chá, comi pão e fumei alguns cigarros(me controlei e não bebi). Amanha trabalho o dia todo, e sinto um pânico sem explicação quando penso nisso. Não queria sair de casa, e gostaria de não ver ninguém, mas nem isso é possível. Gostaria de possuir as pessoas que amo, e com a violência de um assassino matá-las e depositá-las em pequenas caixas, pra que eu pudesse tê-las. Isso é terrível. Ele não me ligou e não vai me ligar, esse silêncio me mata, sou vitima da minha própria criação, do meu próprio amor.
Tenho muito medo do abandono. Gostaria de ser cuidada como uma doente terminal, sinto às vezes a necessidade da pena, pobre coitada. Tenho sentido dores no estômago, vontade de vomitar e insônia. Não sonho, a muito o meu subjetivo foi abandonado, talvez pela fraqueza de não suportá-lo. Gostaria de possuir alguém, e me bastaria esse amor/cuidado na vida, e mais nada. Sendo assim eu poderia criar e escrever sobre os apertos diários. Sem grandes crises em uma relação que se estabeleceria pela cumplicidade, cuidados e união. Não preciso de um marido, preciso de um pai, uma família, uma casa, um conforto. Passaria o resto de minha vida sem me deitar com ninguém. Mas não suportaria a solidão e a falta de um amor. Preciso ter forças para suportar a solidão, me satisfazer com música, livros e objetos (talvez bebida e cigarro). Sou viciada no amor e na entrega, queria que meu vício fosse o sexo, doeria menos. Conhecer um ser humano na sua maior profundidade, adentrar no inconsciente e no vazio de outrem, dividir uma vida, seria esse o meu grande sonho [?].
Vou me matar. Vou me matar para ver nascer alguém que não se importe, que seja forte o suficiente para seguir sozinho. Ser a própria assassina de mim mesma, e não a vitima da minha própria alma. Não deixarei que minha alma seja a vilã, e que me destrua, me suicide, me mate. Matar-me-ei primeiro, e deixarei nascer uma forte escultura de mulher com quatro patas.
Deixarei de existir assim como me encontro.
Farei exercícios de solidão. Chorarei sozinha. E, sobretudo, irei aniquilar qualquer forma de amor dependente por seres que respiram. Não vou sofrer pelo telefone que não toca, não vou te esperar nas minhas madrugadas chuvosas, não vou contar com surpresas românticas e uma voz acalentadora e um olhar apaixonado. Vou esperar de você sua maior frieza, seu maior distanciamento. Não vou decidir por nós, vou permitir tudo! E que acabe somente na sua certeza de morte, porque a minha já aconteceu.
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