As vezes eu tenho medo da vida. Da forma como as coisas caminham, sem nosso controle. Sinto-me um pouco cansada, olho pras pessoas e não vejo ninguém. Como me faz falta um carinho. De buteco em buteco me estaciono como uma puta apaixonada, em silêncio fumo um cigarro atrás do outro, uma droga a mais, uma droga a menos, o equilíbrio nunca dura muito tempo. Desespero e ninguém percebe. Guardo no peito todas essas feridas que foram e ainda são. Sinto falta, sinto falta das minhas fantasias de criança e de como existia em mim uma esperança naquele mundo encantado e naquela vida perfeita. Choro um pouco sem querer e acendo mais um cigarro. É, sou assim mesmo e não aquela que inventei. Um pedaço de carne cheio de cicatrizes que ninguém vê. Mataram minha inocência cedo demais, tudo que tentei foi pensando ser o certo, mas no fim a gente erra e não entende o porquê. Sempre fui muito, em tudo que vivi, em todas as histórias que entrei, um cão com o rabo entre as pernas, latindo: me ame!me ame!me ame! Sempre o que pedi foi amor, da minha forma insegura, da minha forma carente, da minha forma enlouquecida, da minha forma contraditória, da minha forma niilista, da minha forma infantil, da minha forma acabada, da minha forma gorda, da minha forma sem forma. Errei muito, e o pior é errar sem querer. Ninguém nunca me disse que seria tão difícil e que doeria tanto, ninguém me contou que eu ia crescer e que a realidade era crua e feria na alma. Ninguém me disse a verdade sobre o amor. Sabe o que me salva? Aquilo que me mata... a vida!Vida!Muita vida transbordando pele abaixo, deixando escorrer, sentindo como bicho, vivendo como quem vive seu último dia.
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