A morte é minha imortalidade, sou
eu mesma fazendo amor comigo. Que a solidão me coma e que saia de mim o inevitável.
Que minhas palavras sejam ásperas e inexistentes, que eu viva do meu silêncio
pra poder sucumbir no palco escuro da vida. Preciso seguir adiante, sem fugir
de absolutamente nada, seguir apenas. Livre! Livre como alguém que se prende a
qualquer um e se agarra a um estranho. Entrego minha alma a pequenas paixões e
que meu amor seja único, incendiado pela minha grande escolha feita no ventre.
Quando nasci eu escolhi. Que seja feita a sua vontade senhor, e que eu possa
cumprir o caminho que me acompanha. Não preciso de mais nada, que a mim seja
dada somente a graça de ser. Abandonem-me, me humilhem, me façam sofrer e ter
alegrias incondicionais, para que eu aponte o dedo na direção certa e escolha a
vida. Quero sentir nas profundezas mais escuras e mais sublimes o amor, saber
que, acima de tudo, estou sendo e vivendo a vida que tenho a graça de ter nos
braços. Morro. Morro. Morro. Morro. Morro pra encontrar a vida. É nesse pequeno
instante que encontro Deus e tenho a certeza absoluta de ser. Que cada vida
seja a partícula substancial de uma única vida, entrego-me completamente.

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