Bem, o que fica de tudo eu sinceramente não sei. Dias difíceis. La fora o céu se mantém no mesmo lugar, as pessoas caminham em direções diferentes, e o tempo passa. Não sei mais os lugares das coisas, onde coloco os sapatos, as meias, o vestido velho e aquela poesia antiga que escrevi quando era criança. Meu mundo desordenado, minhas lembranças sem caminho. Não me culpem pela bebida, por favor, não façam isso. Aguentar tem sido um esforço, minha necessidade é minha salvação, como uma única coisa importante, sobreviver ao furacão das 24h diárias e seus segundos incontáveis de secura. Vazia. Meu mundo oco, meus medos, minha insustentável solidão arrancando lágrimas. Onde coloco a roupa suja e o papel picado? Onde coloco as fotos e os filmes de antes? Tenho me confundido com o lugar exato de todo esse lixo sem espaço. Um pouco cansada. Seca. Os problemas não cansam de aparecer, onde coloco? Como dividir o caminho, e essa dor e essa impotência e esse amor e essa vontade, qual gaveta?! Ou armário? ou geladeira? e quando falta espaço?!Falta espaço! Não anda cabendo, pelos ouvidos transbordam dores silenciosas e histéricas. Quero colo. Quero amor. Quero tomar café da manhã com gosto de amanhecer nos olhos. Quero saber onde guardar o excesso que transborda em mim. O céu escureceu um pouco, por aqui passa um vento frio, deito e acendo um cigarro. Cinzas no chão, louça suja na pia, roupa espalhada, geladeira fedendo, sem espaço pra guardar os novos livros, e os antigos?!Não sei de que lugares vieram, não sei pra onde ir, colocar, ser, é disso que falo. Palavras sem espaço. Amor de mais, medo de mais, sono de mais, cansada de mais, triste de mais, vazia de mais. Tempo. Tempo. Tempo. Tempo....
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