terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Casa de tolerância

Hoje eu quero escrever pra longe.
Pra longe da dor que senti do mundo, dessa dor de mulheres usadas, abusadas, humilhadas e mal tratadas.
Essa dor de anos que carregamos no espirito.
Essa dor do mundo que não sabe amar.
Hoje eu queria escrever pra bem longe de mim.
Agrupando os cacos e o vidro estilhaçado da janela.
Arrancando os vermes que teimam em continuar corroendo nossa compaixão.
Hoje eu chorei pelas prostitutas da praça e a mulher solitária sentada na escada do metrô.
Reconheci-me no silêncio vago da garota que cobra 5reais pelo boquete. Da menina que ganha 20reais pela trepada, com direito a duas posições. Da mulher caída de corpo e de alma, que recebe de cada cliente 10reais pra engolir aquela porra amarga que paga o material escolar do menino que começa a escola.
Reconheci-me tão profundamente, que tive nojo da minha dor barata. Do meu egoísmo romântico, do meu velho amor imbecil desvalorizado por um homem qualquer.
Desci rolando as escadas e la de baixo não conseguia mais compreender o mundo.
Deixei de entender o motivo dessa solidão agrupada.
Não consigo mais compreender a falta de união e o medo de viver o amor.
Tudo dói! Desgasta a pele do rosto, desmancha o sorriso na cara, aborta a esperança da fé.
Mas sigo continuando na tentativa de ser um pouco melhor ...sigo.

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