segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sobressalto dentro de um sonho

(para o dia que sonhei com ela)

Ela era forte, bonita, sensual e leve. Carregava nas mãos várias cartas, não que ela carregasse de verdade, mas ali elas estavam, com absoluta certeza, todas as cartas necessárias e somente Samanta sabia o modo de iniciá-las. Conectavam-se em sonhos. Sabrina gostava de adornar os cabelos com margaridas amarelas, andava de pé no chão e não saía de casa sem os badulaques necessários. Conheceu Samanta em noite de lua nova, esperava um ônibus e a chamava de longe. Encontraram-se da forma mais inesperada e o destino ocupou-se de aproximar as duas mulheres, como se cada uma necessitasse da presença da outra, elas pertenciam-se no silêncio do desconhecido. Samuel encontrou-se com Sabrina pela fama no poder das cartas e viu-se atraído pelo mistério que a rodeava. Mas ela não jogava, mesmo que possuísse todas as cartas sabia que ainda não estava pronta. Indicou Samanta, ela também dominava o poder daquele jogo e já se permitia adentrar no mundo do mistério que despertava almas. Samanta jogou com ele, e de longe, na calma de sua casa e na perturbação do seu coração, Sabrina sentiu que Samuel havia perdido e vislumbrou o amor.  Nessa noite as duas comunicaram-se em sonhos, não que elas precisassem dizer palavras, sua comunicação não se estabelecia da forma usual. Em sonho, ambas carregavam nos braços suas cartas, Samanta ensinava Sabrina o poder desconhecido dos seus mistérios, elas já possuíam o baralho completo, mas Sabrina ainda precisava aprender a confiar e despertar. Samuel estava revoltado, havia estudado anos e não entendia como tinha perdido para uma mulher tão frágil e aparentemente tão forte, afinal, ele era um mestre. Sim, essas mulheres eram fortes pelo simples fato de reconhecerem-se fracas. Não negavam as dores e desfilavam belas e sublimes, sensuais e sedutoras quando necessário, silenciosas e perigosas como as serpentes, frágeis e sutis na escuridão dos sentimentos, inseguras e humanas quando o amor batia em suas portas. Sabrina preparava um café enquanto eles conversavam, cabelos soltos encobrindo os ombros, e de súbito, teve a certeza do amor. Samuel provavelmente seria uma paixão, mais um intermédio entre ela e seu verdadeiro amor, uma paixão necessária como havia sido todas as outras, porque cada caminho que escolhia e cada pessoa que consequentemente cruzava seu caminho, estavam ali para ensiná-la e prepará-la. Sabrina seguiria com sua nova história, suas cartas e Samanta lhe ensinando em sonhos. O sol nasceu, elas andavam na paciência que o universo espera e na certeza que o amor possui. Juntas. como mãe e filha, marido e mulher, amantes inseparáveis, mas sobretudo, irmãs e amigas... Uma parte reconhecendo a importância da outra, era essa a base do amor. 

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