Tava tocando “Blus da piedade”, eu tava na janela pensando justamente no amor. Você apareceu dançando e cantando na rua, olhava pra mim com um carinho que a muito não tocava ninguém. Desci correndo e abri a porta pra você, grudamos, beijamos, trepamos, amamos, falamos.... deitei no seu peito e daquela janela, sem você perceber, tomamos um banho maravilhoso de lua. Senti uma coisa tão leve e tão linda. Foi ali que pensei que abençoado é aquele que sente amor, esse amor de doer, sem medo, instantâneo. Aquele que topa as piores brigadas e incertezas. Aquele que sai correndo com a mala na mão pra qualquer lugar no fim do mundo onde possa viver o amor. Aquele que vai, que entra, que tenta. É nessa coisa toda que eu vejo Deus, que eu sinto que Deus existe. Porque apesar de todas as feridas eu sinto amor. Sinto amor sempre e ele preenche esse vazio que a vida deixa quando ela habita, como se às vezes houvesse em mim um Deus que amaciasse minha existência. Não importa se me humilhei, se você me maltratou, se você não me quis. Isso tudo deixa de ter importância quando dentro da alma sentimos amor, amor imenso, amor eterno, amor de bomba atômica e explosão existencial. Acho que no final eu acabei ficando com as melhores partes...é como se fossemos soldados, eu tô de perna quebrada, orelha cortada e uma mão a menos, você ta inteiro.... Eu carrego na lembrança o amor que senti quando cada uma daquelas feridas foram feitas. Você carrega na lembrança as mentiras e as traições que cometeu pra poder chegar ao final da guerra ileso. Nunca quero e nunca quis sair ilesa de qualquer coisa, talvez seja mesmo por isso que eu consiga pular. Ontem, quando tocou “Blus da Piedade” eu pulei, e senti a coisa linda que eu sinto quando vejo o amor. Deus entrou mais uma vez dentro de mim e com ele no peito fechei os olhos e te amei, esse eu novo que descobri dançando e cantando “Blus da Piedade” no meio da rua carregando Deus nas mãos.
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