quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O samba de uma mulher com sorte

 (Gabriela perdeu a fantasia e voltou pra casa chorando e sambando, enquanto chovia. Para se ler ao som das marchinhas de carnaval...rindo e sorrindo da dor)

É engraçado, porque continuamos...é importante continuar. Levantar a cabeça e seguir em frente, limpando a poeira, retirando o pó. Mesmo quando o amor passa por cima a gente  se mantém, construindo edifícios, alavancando os sonhos, bebendo caipirinha pra aliviar a dor. Um dia a gente esquece e depois lembra, faz parte.  Você me educou e eu te ensinei, não sei qual é o pior. Penso em você com uma leveza de dia-a-dia, da mesma forma quando se toma um remédio periodicamente e não se pode esquecê-lo. Rivotril,  Donaren e Prozak, nada me serve além dessa instabilidade constante e essa paixão pelo humor vacilante, vivo disso e sou. Você me fez. Ponto. Não quero continuar a frase, nem acrescentar a ela uma receita de remédio ou tentativas, adjetivos ou ações. Simplesmente ponto. Ponto porque as coisas são, e não se acrescenta a elas significados, justificativas ou vontades. Coisas que são maiores a gente não define, elas simplesmente estão e junto delas nós somos, a gente é. Existe em mim um caixa de coisas que são, me sinto abençoada por isso. Ontem uma menina me disse: você é uma pessoa de sorte! É...quem sabe?! Acho que sou! Que coisa boa, que bom! Dói, e é tão bonito doer! Existe em mim uma fonte inesgotável de amor, só preciso distribuí-la, isso já faz de mim a mulher com a maior sorte desse mundo.  Ganhei na loteria, acertei os números, tirei a roupa e rasquei o dinheiro na praça, em plena lua cheia, verão, carnaval, semana santa e Nossa Senhora tocando pandeiro enquanto eu sambava, do lado da realidade eu era a fantasia que faltava, sem pretensão alguma, apenas amando o momento do delírio existencial. 

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