Que caiam cacos do céu, que essa nuvem de fumaça não me obscureça, mas faça com que meu corpo se entregue a escuridão leve de uma claridade intensa. Que o amor continue sendo a chave, mesmo não estando, que seja a eterna definição de mim mesma. Que essa vida me coma como cachorros famintos de pés. Que eu saiba viver por mim, de mim, pra mim. Não escondendo nunca meus vícios e minhas paixões, meus desesperos loucos, minha violência nata, minha virgindade desgastada e meu amor profundo. Que o sexo seja sempre uma extensão de minha alma, e que o choro retire de mim o que pesa e quase me mata. Peço a virgem Maria força, pra seguir como puta na hora de escolher, e como Santa na hora de dar. Não nasci pra ensinar ou recolher, prefiro o anonimato da falta, a solidão da troca e o prazer de estar, de mãos dadas, aos irmãos que reconheço em silêncio. Quero possuir a fé de um desgarrado no deserto, abrindo o corpo, expondo o de dentro, morrendo mil vezes na alquimia do amor. Quero caminhar reconhecendo rostos, dores, sabores. Seguir sem medo daquilo que um dia plantaram em mim, e com muita força, com toda força, retirar a ponto de unhas afiadas e precisas, recolhendo o sangue e com todo carinho, depositando naquelas veias que secam pela esclerodermia. Devolvendo a vida aos músculos atrofiados, devolvendo o fluxo as esferas inigualáveis de tudo que sou, que somos...Irmãos no invisível, não se desesperem, dou-lhes minhas mãos e meus órgãos quando necessitarem de amor.
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